domingo, novembro 26, 2006

Karen Cunha é um bombom

Bombons sem recheio são os últimos a serem escolhidos na confeitaria, afinal, se for para comer chocolate puro é melhor comprar uma barra.
Muitos dizem que o bombom sem recheio é um exemplo de qualidade, temperatura certa, textura perfeita, mas não.. hoje eu vou ficar com este recheado de nozes. As pessoas adoram recheios!
Hey, o que tem dentro deste? E aquele? Uhhhnn aquele me parece bom... Que tem dentro?

E bem no cantinho da prateleira dos bombons sortidos estava ele. Tudo levava a crer que se tratava de um genuíno chocolate puro meio amargo, mas as pessoas não se continham, precisavam saber o que tinha dentro. O recheio! Cadê o recheio? Estava calor e os chocolates ficam um pouco derretido nesta época do ano. E foi por pura curiosidade que o cliente pediu para experimentar o bombom solitário. Deve ser um meio amargo puro, tá na cara - disse o cliente, em dúvida entre morder ou simplesmente partir o chocolate. Partiu ao meio.

Para a surpresa de todos, dento do bombom que parecia puro havia um recheio do mais nobre licor com pedaços de damasco.
O cliente estava surpreso, o recheio escorria entre seus dedos e apesar de sentir vontade de lambê-los, preferiu lavar as mãos várias vezes e levar uma caixa de bombons de doce de leite, que eram mais enjoativos, porém, além da casca mais fina e recheio consistente, custavam ligeiramente mais barato e não apresentavam surpresas.
Antes de sair da loja ele perguntou ao vendedor se havia mais bombons de damasco. Era o último.
Não que ele quisesse comprar, afinal, tinha medo de novidade, medo de novos sabores, medo de se sentir confortável com sabores desconhecidos.
Além do mais bombons de licor sujam muito, melhor não se envolver. Era só um bombom...

domingo, novembro 19, 2006

Letra comentada

Claudinho e Buchecha
Nosso Sonho

Naquele lugar, naquele local
era lindo o seu olhar
Eu te avistei, foi fenomenal
Houve uma chance de falar

(tentem imaginar o sofrimento do poeta ao tentar expressar à sua musa o que ele estava sentindo)

Gostei de você quero te alcançar
Tem um ímã que fez o meu hospedar (lindo!!)
Nossas emoções, eram ilícitas
Que apesar das vibrações,
Proibia o amor em nossos corações (amor proibido/ culpa católica)

Ziguezaguiei no vira, virou
você quis me dar as mãos, não alcançou
Bem que eu tentei, algo atrapalhou
a distância não deixou

Foi com muita fé, nessa ilustração,(fé = catolicismo/ilustração = arte = paganismo)
que eu não dei bola para a ilusão. (amor x ilusão)
Homem e mulher, ira em inversão (o que vem a ser ira em inversão?)
bate forte o coração

Tumultuado o palco quase caiu
Eu desditoso, e você se distraiu.
Quando estendi as mãos, pra poder te segurar,
já arranhado e toda hora vinha uma, (preste atenção na dubiedade desta frase)
A impressão que o palco era de espuma.
Você tentou chegar, não deu pra me tocar. (tocar o próprio corpo?)

Nosso sonho não vai terminar desse jeito que você faz
Se o destino ADJUDICAR, esse amor poderá ser capaz,
gatinha.
Nosso sonho não vai terminar desse jeito que você faz
E depois que o baile acabar, vamos nos encontrar logo
mais.


Na Praça da PlayBoy ou em Niterói
No Fazenda, Chumbada ou no COI.
Quitumbo, Guaporé, nos locais do Jacaré
Taquara, Furna e Faz Quem Quer.
Barata, Cidade de Deus, Borel e a Gambá
Marechal, Urucrânia, Irajá.
Mosmorana, Guadalupe, Sangue-Areia e Pombal
Vigário Geral, Rocinha e Vidigal.
Coronel, Mutuá-Pira, Itaguaí e Saci
Andaraí, Iriri, Salgueiro, Catiri.
Engenho novo, Gramacho, Méier, Inhaúma, Arará.
Vila Aliança, Mineira, Mangueira e a Vintém
Na Posse e Madureira, Nilópolis, Xerém.
Ou em qualquer lugar,
Eu vou te admirar.

refrão

Os teus cabelos cobriam os lábios teus (A)
não permitindo encontrar os meus (A)
e você é baixinha, gatinha eu vou parar (B)
Mas tudo isso porque eu me sinto coroão(C)
tu tens apenas metade da minha ilusão(C)
(mais uma vez o amor ligado a ilusão)
teus doze aninhos permitem somente um olhar
(B)

(vejam que apesar de se declarar no começo da música, o poeta se vê, mais uma vez, preso aos valores do catolicismo na hora de consumar a relação com sua jovem amada)

Nosso sonho não vai terminar desse jeito que você faz
Se o destino ADJUDICAR, esse amor poderá ser capaz,
gatinha.
Nosso sonho não vai terminar desse jeito que você faz
E depois que o baile acabar, vamos nos encontrar logo
mais.
(ao fim do poema, ele tenta superar a culpa e dar uma chance para o amor)

Me emociono um pouco quando penso no sofrimento desnecessário do cerumano por conta das leis e regras que ele mesmo criou.
O homem cria regras para viver melhor e depois vive rodeado de culpa, sente-se limitado, infeliz..
E daí que ela só tinha doze anos? O destino podia muito bem adjudicar, mas os homens..bem, esses seriam irredutiveis (provavelmente esta infração resultaria não só em prisão inafiançável, como também num coito homossexual forçado dentro das celas escuras e superlotadas).
Sofrido, sim! Mas um belo desabafo. (olhos lacrimejantes)
é por isso que todos nós temos um pouco de Claudinho e por isso que nós somos um pouco Buchecha.

segunda-feira, novembro 13, 2006

Razão e Sensibilidade

Nossa, sempre de bom humor! Tenho medo de te contaminar...
Imagina, é só aprender a apreciar as pequenas coisas da vida.
Ah sim, agora entendi! O segredo é ver beleza nas coisas simples como o lixo na calçada da rua augusta, na sensação de terem roubado o seu celular na galeria vermelho ou quando chega alguém e te diz "tô com uma faca aqui passa logo essa grana que eu não tô de brincadeira"

quinta-feira, novembro 09, 2006

Ou Isto ou Aquilo

(gemido)Nãããão...não vai não, vamos terminar o que a gente começou....(gemido)
(gemido)não dá.
(gemido)Esquece isso...
(gemido)
(gemido)
(gemido)Não, pára com isso eu não posso...(gemido)
(gemido)
(gemido)Você está com um cheiro muito bom... nossa...mas eu preciso ir. Que horas são?
(gemido) Quem se importa? Tem gente me esperando também...Queria terminar...
(gemido) Hoje não, tenho um encontro com o John Cameron Mitchell...
(gemido) Ah não, deixa esse filme pra lá...
(gemido) Não dá, é john cameron Mitchell, J-O-H-N C-A-M-E-R-O-N M--I-T-C-H-E-L-L!
(gemido) Eu sei, mas...
(gemido) tô atrasada, tchau.
.
.
.


Cena de Shortbus , melhor filme do ano!

Trilha perfeita, figurino de matar, diálogos históricos... saí do cinema extasiada, dançando...
Valeu cada segundo!

Moral da história: Melhor não arriscar, John Cameron Mitchell é prazer garantido.

domingo, novembro 05, 2006

A Garota da Vitrine ou o vazio no coração.

Baseado no romance homônimo de Steve Martin "Garota da Vitrine" é do tipo de filme que quando acaba você não sabe dizer se gostou, mas não consegue parar de pensar sobre o assunto.
O filme conta a história de uma garota que simplesmente não vive, sobrevive.
Vinda do Estado de Vermont, na esperança de começar vida nova como artista, passa seus dias trabalhando no setor de luvas da loja Saks Fifth Avenue em Beverly Hills e suas noites sozinha em seu apartamento escuro em Silver Lake.
Durante um dos seus dias de respirar, trabalhar e sobreviver ela conhece Jeremy, um artista falido (no sentido financeiro da palavra) que se interessa por ela.
Logo em seguida ela conhece o cinquentão bem sucedido Ray Porter.



Jeremy quer participar da vida da moça, quer algo intenso, mas ela prefere o cinquentão distante que faz questão de dizer a ela que "não tem condições de manter um relacionamento e que não achava a exclusividade uma coisa conveniente para o momento".
Ela dá todo o seu amor para ele, mas ele reprime o amor que sente por ela.
Jeremy, mesmo distante fisicamente, se faz presente pensando nela. Ela, por sua vez, ignora.




E todos ficam se sentindo incompletos, vazios e ninguém se envolve com nada.


A história das nossas vidas!!!!

Este é o discurso da geração 90/2000, mas me surpreendi demais em ouvi-lo da boca do simbolo da comédia da década de 80.
Prova de que algo não vai bem! E que não melhora com a idade...


Hora de Voltar - Zach Braff

O filme em si me irritou em algumas partes, mas eu me reconciliava com ele todas as vezes que lembrava de que a história foi escrita por alguém de 60 anos que não tinha a mínima intenção de soar moderno.


Encontros e Desencontros - Sofia Coppola

Me bateu um vazio, o mesmo vazio que senti hoje. Era uma tarde ensolarada e eu não tinha para onde ir e nem com quem encontrar. Mesmo sabendo que podia ligar para centenas de pessoas, eu sabia que não ia encontrar ninguém de verdade e ia continuar me sentindo sozinha e respirando com dificuldade.
Prefiro quando eu penso que tô vivendo. Terrivel demais perceber que o que nos mantém vivo é apenas a respiração e alguns orgãos que insistem em trabalhar.
Talvez um dia eu encontre algumas pessoas de verdade, pessoas que vivam comigo, ou então que eu simplesmente resolva viver com as pessoas que já conheço.
Por enquanto, as vezes algumas coisas me fazem pensar que estou viva: comer, pensar, trabalhar, montar prateleiras... As vezes essas mesmas coisas me matam.
Um pouco por dia.

quinta-feira, novembro 02, 2006

Dia do Saci

Uma das criancinhas burguesas do meu prédio tocou a campainha no dia 31 pedindo doces. Dei uma caixinha de Tic Tac. Você acharia que um doce tão sem graça afastaria o resto das crianças. Não. Minutos depois ouvi 5 criancinhas tocando a campainha incessantemente.

Talvez desligar a luz no próximo ano.