Eu perco muitos celulares. Perco sempre. As pessoas me roubam sem que eu perceba, um dia eu posso perceber que roubaram o meu rim e eu não notei.
Dificilmente alguém consegue me assaltar na cara dura, eu sempre deixo o bandido cansado fazendo "a amiga" que sabe muito bem como a vida é dura e que dividiria tudo o que tem se tivesse ao menos dinheiro para pegar o ônibus.
As vezes faço a linha "da quebrada", bastante eficaz na hora que você está numa rua deserta e vê alguém vindo na sua direção com a intenção de te abordar. Quase sempre funciona.
Um dia eu ainda vou tomar um tiro por isso... Mas por que diabos comecei esse assunto?
Ah, eu queria contar que da última vez que perdi o celular as pessoas ficaram tão enloquecidas por não conseguirem me localizar que pouco tempo depois o Luis (meu pai de segundo grau) e a Ana Amélia resolveram me dar um celular bem simples para que eu pudesse perder a vontade.
O celular é bom, tem lanterna, recebe e efetua ligações, manda e recebe sms, ou seja, tudo o que um celular precisa fazer.
O problema é que as pessoas começaram a me zoar dizendo que é celular de pobre, que não recebe mms e nem tira foto.
No começo eu dizia que era um celular de pobre porque eu era pobre mesmo, mas de uns tempos pra cá eu me descobri uma "vitima do sistema", "massa de manobra do capitalismo selvagem", "produto dessa sociedade consumista" e comecei a sentir vergonha porque meu celular não faz café, nem passa filme, nem serve champagne vestido de marinheiro.
E agora eu quero um celular novo, mesmo sabendo que vou perder, ou vão me roubar quando eu estiver bêbada ou então vai ser o motivo pelo qual eu vou apanhar do bandido quando disser que não tenho dinheiro e o meu telefone começar a tocar, passar vídeo e dizer "eu te amo".
Sem contar a vergonha de contar pras pessoas que perdi o celular. Ano passado eu perdi 6 sony ericsson k310i e comprei um igual pras pessoas não perceberem. Poderia fazer uma instalação com as caixas e os carregadores sony ericsson pra próxima Bienal, né?
|