Preciso dividir uma coisa com vocês: estou tentando escrever um livro.
Tá, é ridículo dizer isso em 2008, primeiro porque ninguém mais lê (nem eu), segundo porque isso é coisa de adolescente na década de 80, hoje em dia as pessoas fazem filmes com verba pública, dinheiro do pai ou a câmera "da facul".
Eu já tentei isso outras vezes (3, para ser mais exata) e assim que chego no meio do terceiro capítulo desisto da história e vou fazer algo melhor.
Não consigo escrever sem saber onde quero chegar e se sei onde quero chegar preciso chegar logo, senão enjôo.
Mas desta vez eu abandonei o capítulo 3 e comecei a escrever o meio da história e daí volto para o começo e penso no fim. E desta forma meio anárquica a coisa está fluindo de um jeito assustador.
Só penso nisso. Visito sites pra pesquisar coisas, peço ajuda para os amigos para compor personagens e principalmente: estou inventando uma história e não simplesmente escrevendo sobre mim.
Tudo o que escrevi na vida foi baseado na minha história medíocre e isso sim dava um bom livro de piadas tipo as "anedotas do Juca Chaves": você lê uma piada sem graça, vai pra balada, assiste a um programa na tv, vai pra uma rave em Jales, é pego pela policia com drogas sintéticas, o pai do seu amigo vai lá te soltar e daí você volta e lê outra piada. Sem compromisso, sem pressão. Mas isso vocês encontram aqui no blog.
Na incapacidade de contar a história linear da minha vida (principalmente porque ainda não morri), preciso inventar algumas coisas.
O problema é que ainda que minha mente seja bastante fértil, não levo o mínimo jeito para a ficção, imaginar personagens me dá uma preguiça danada, fazer uma história coesa com começo, meio e fim é uma tarefa impossível pra mim.
Enquanto os meus amigos liam "O Apanhador no Campo de Centeio", "A Revolução dos Bichos" e "1984" eu lia Stanislaw Ponte Preta (ou Sergio Perto), Carlos Drummond de Andrade e outros fulanos que sabiam escrever histórias curtas, engraçadas e tão simples que podiam muito bem estar naquela coleção "Para Goster de Ler"(que aliás, deveria se chamar "Para Gostar de Ler Crônicas")
Depois de ler quase todos os livros de crônicas do Brasil, cheguei a conclusão de que nenhuma história valia mais que cinco páginas e foi daí que surgiu a minha aversão a livros grandes e filmes longos. Tem que ser mestre pra não perder o fio da meada.
E eu não sou um Kerouak da vida que é capaz de prender a atenção do leitor enquanto conta a história de uma viagem pelos estados unidos, sem pé nem cabeça e nem compromisso (e mesmo você tendo certeza que aquilo não vai acabar em lugar nenhum, simplesmente não consegue desgrudar a cara da porra do livro e fica triste porque percebe que está acabando), então um parágrafo grande (como este aqui) escrito por mim já fica confuso para quem tá lendo.
Mas eu estou botando fé, sei que vou postar daqui 1 ano que eu simplesmente desisti daquela história, mas por enquanto eu tenho vontade de escrever todos os dias sobre as coisas mais mirabolantes do mundo, tenho idéias o tempo todo e fico super empolgada com tudo.
PS: Leyla-Perrone Moisés é uma professora da USP que tem a capacidade de escrever profundamente sobre qualquer coisa (até Lacan e Fassbinder) em 5 páginas no máximo. Dúvida? Então leia Inútil Poesia e me diga depois.
PS2: Nossa, um post grande assim já fica sem sentido...
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