Ainda no Pub, as pessoas começam a se retirar pouco a pouco e só sobram Claude, eu, o gerente do hostel e uma menina de Washington. Os últimos decidem ir embora sem nos convidar para acompanhá-los. Entendemos a mensagem e ficamos lá mesmo observando um cara que sabia de cor todas as músicas do filme Dreamgirls.
Peço mais uma bebida e Irvin, o barman da casa, diz que aquela era por conta da casa. Bebo rapidamente por insistencia de Claude e rumamos para o hostel.
- Você já vai pro seu quarto? – pergunto a ele.
- Acho que sim e você?
- Queria embaçar um pouco lá no lounge, no meu quarto tem duas senhoras muito chatas preciso chegar lá e cair na cama direto.
- Ok, fico aqui um pouco com você.
O lounge era escuro e estava passando um programa sobre magia negra. A cada 2 minutos de programa eram 12 de comerciais bizarros.
- Aqui tem muitos comerciais, né?
- É....
Dois minutos sentindo aquele cheiro espetacular e a lingua dele já estava na minha boca.
- O que está acontecendo- Pergunta ele?
- Bom, tive a impressão de que foi um beijo, mas posso ter me enganada.
- Não sei. Foi assim? (me beijando)
- Não, acho que foi assim, ó (demonstrando)
Deitamos no sofá e ele começa a ronronar como um gato siamês.
- A que horas você vai dormir?
- Na hora que estiver cansada.
- A gente vai ficar aqui com esse monte de gente. (ronronando)
- Que é que tem? A gente só está deitado vendo um vídeo...
- Acho que o gerente do hostel e a menina de Washington vão se divertir hoje, hein?
- É, mas com certeza ele deve ter o próprio apartamento.
Ele me abraça, me beija, ronrona, faz carinho e reclama:
- A gente vai ficar aqui mesmo?
- Juro que não entendi o drama, você está mesmo sozinho aqui no hostel?
- (rindo) Claro que estou. Porque pergunta isso?
- Sei lá, você parece que está se escondendo de alguém...
- Não quero ficar aqui por causa disso (fazendo carinho na minha perna)
- Disso o quê?
Somos interrompidos por um garoto que pergunta se pode abaixar o som. Dizemos que sim.
- Disso aqui ó? (Me beijando e ronronando)
Uma menina que está sentada no sofá aumenta o som novamente.
Claude ronrona, passando o rosto pelo meu ombro. O mesmo menino levanta e abaixa o som novamente e a menina diz que ele estava fazendo muito barulho vendo um vídeo no laptop enquanto ela queria ver o programa. O menino xinga e volta para o laptop barulhento.
- Meu, porque ele não coloca um fone?
- Porque ele deve ser francês.
- Você conhece?
- Não, mas tenho certeza que ele é.
- Você parece um gato siamês. Você ronrona, reclama...
Ele passa a mão na minha perna, ronrona, me beija e diz:
- Voce vai ficar aqui mesmo?
- Vou.
- Então eu vou subir.
- Jura? (indignada
- Juro (ronronando). Vejo você amanhã.
- Então tchau.
Como um gato típico, ele se levanta como quem já obteve o carinho necessário para aquele dia e sobe para o seu quarto.
Continuo sentada sem ação e decido subir também.
No café da manhã, o vejo de longe e me escondo ardilosamente, afinal, sempre tive muita pena de me despedir dos gatos antes de sair de casa.
André Sakr - RIP. Meu HIT
Há 5 anos
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