Piano bar do Terraço Itália.
Essa frase em si já justificaria o título deste post, mas a mocinha em questão não era ligada nessas coisas, trabalhava com produção cultural e estava levando amigos de uma banda gringa para passear.
Eram 4 : um casal, a mocinha e outro menino. Lá chegando viraram 6: 3 meninos e 3 meninas.
O visual era maravilhoso, seus amigos estavam emocionados com a vista de São Paulo. Era bonito demais e a mocinha se perguntou se já havia estado ali alguma vez... Não, apenas no restaurante acompanhada dos seus pais.
Eram 3 ingleses, 2 brasileiras e um argentino e todos se divertiam muito com as diferenças culturais.
Os garçons tratavam a mocinha muito bem e na mesa da frente havia um casal, um bebê e um homem que não parava de olhar pra ela.
A namorada do Argentino reparou que a criança não parava de olhar para ele, estava tão fascinada que acompanhava atentamente todos os seus movimentos. Esta foi a deixa para que as mesas fizessem contato...
Eles também eram estrangeiros e falavam um mal português. A mocinha não simpatizava com aquelas pessoas e não sabia porque, então permaneceu zombando do amigo ao lado (o único que não fazia parte de um casal) dizendo que ele pedia drinks de menina. Teoria essa que, segundo a mesma, era comprovada cada vez que o garçom trazia pra ela as coisas que ele pedia.
Ele não se importava, queria apenas a descrição minuciosa de tudo o que havia no cardápio e afirmava ter certeza absoluta que queria um drink com chocolate quente e chantilly mesmo que a noite estivesse quente. "A gente precisa dessas coisas e ponto" dizia ele.
Do outro lado da mesa o rapaz estrangeiro interrogava a namorada do argentino sobre a vida e atividade da mocinha:
- E ela, o que ela faz?
(sem tempo para uma resposta)
- Ela é de onde?
- No que ela trabalha?
- Ela é casada?
- E ele que tá com ela? Faz o quê? Onde ele mora?
a namorada do argentino estava obviamente constrangida e tentava ser política, mas desistiu de manter a conversa quando o pai do bebê perguntou se ela tinha Facebook.
A mocinha ficou sem entender por que a namorada do argentino (que era sua amiga há anos) não disse logo que ela era produtora daquela gente toda, não era casada, era um pouco antipática e inclusive odiava gente estranha.
E foi naquele momento que caiu a ficha: solteira, mini-saia, gringos, piano bar do terraço itália... se a amiga dissesse que a mocinha trabalhava com arte talvez não pegasse muito bem. Talvez ele perguntasse: arte como? Ela é dançarina?
Neste dia eu adquiri um novo complexo: "A Síndrome de Pareço Puta".
E ela foi comprovada com a expressão de surpresa que o garçom fez quando saquei o cartão da minha bolsinha preta e paguei não só a minha, como a conta do amigo que pedia drinks de menina de tpm.
Não, não é só o traje, eu descobri que tenho cara de puta que não diz que é puta, mas frequenta festa de gringo velho e cobra pelo serviço.
E depois disso eu fiquei chateada, principalmente depois que alguém me alertou para o fato de eu gostar de loiros (que coisa mais clichê).
Por outro lado percebi que se tudo der errado na minha vida profissional, tenho uma carreira promissora em outra área da produção cultural. haha!
Ah e se eu não tiver talento pra coisa, talvez eu venda a minha história pra Monique Gardenberg colocar no "O Pai ó".
André Sakr - RIP. Meu HIT
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